data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Prefeitura de Caçapava do Sul
Devido a aglomerações, prefeito limitou horário de funcionamento de lojas de conveniência, bares e distribuidoras de bebidas
ATUALIZAÇÃO: matéria atualizada em 21 de abril de 2020, às 9h27
Das 39 cidades da Região Central, incluindo Santa Maria, 34 não registraram, ainda, casos de coronavírus, conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde. Apenas Nova Palma, São Gabriel e Rosário do Sul (com um caso cada), Santiago (com dois) tiveram infecções confirmadas. Todas já foram curadas.
Mesmo assim, a situação requer todo o cuidado e atenção recomendados. Cerca de 40 dias do registro oficial do primeiro diagnóstico da Covid-19 no Estado, as restrições precisam ser mantidas e, em algumas situações, redobradas, visto que os casos suspeitos surgem a todo o momento.
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O médico infectologista Fabio Lopes Pedro explica que a propagação da Covid-19 nas cidades do interior é evidentemente mais lenta por conta da menor quantidade de pessoas circulando por metro quadrado e do distanciamento existente entre as residências.
- Os municípios que ficam ao redor tem que respeitar as decisões que são tomadas em Santa Maria. Por mais que as realidades do Interior sejam diferentes, essas cidades dependem dos leitos de UTI que existem em Santa Maria. Respeito todas as peculiaridades, é claro, mas quando a prefeitura de Santa Maria endurecer as medidas restritivas daqui, os outros municípios tem que acompanhar e fazer o mesmo. No mínimo, os prefeitos devem estar atentos - diz o médico.
De acordo com dados da empresa Lagom Data, divulgados pelo Portal UOL, o Brasil atingiu, na semana passada, cerca de 1 mil cidades com confirmações de coronavírus. O país tem, ao todo, 5,5 mil municípios. Além disso, o número de testes existentes no mundo está longe de acompanhar a realidade da pandemia, o que dificulta a precisão para afirmar com certeza se há ou não cidadãos infectados circulando nas ruas.
O número de municípios sem a Covid-19 até agora, comparado ao total de cidades do Estado, de maneira alguma isenta esses lugares da doença. No entanto, servem para reafirmar a necessidade de a população cumprir as medidas de higiene e distanciamento social propostas pelos decretos estaduais e municipais. O objetivo é que as estatísticas de infecções das grandes metrópoles não se repitam no interior.
Seguindo as permissões do mais recente decreto do governador Eduardo Leite (PSDB), o comércio foi reaberto com orientações para quem trabalha ou circula nas lojas, uso de álcool em gel e, em alguns locais, obrigatoriedade do uso de máscaras.
Rosário do Sul foi a cidade mais recente a confirmar um caso. A coleta foi enviada na segunda-feira para um laboratório em Porto Alegre e foi confirmado nesta terça-feira. Segundo a secretária municipal de Saúde, Karla Fontoura, ter as lojas abertas não significa que o vírus não circule pela cidade. Para ela, nesse momento, contar com a colaboração de cada cidadão é fundamental.
- As pessoas ficam na rua como se tudo já tivesse passado. A praia de Rosário foi movimentada nesse fim de semana. A partir de amanhã, o uso de máscaras em ambientes fechados será obrigatório na cidade. Todos devem ficar em casa - recomenda Karla.
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SEM SUSPEITOS
O prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy da Silva (PDT) reeditou, na segunda, o decreto municipal de combate ao coronavírus. Segundo ele, no fim de semana, houve aglomerações em postos de combustíveis, bares e distribuidoras de bebidas. Agora, esses locais tiveram o horário de funcionamento restringido entre 9h e 18h para que o problema seja amenizado. A cidade teve quatro casos suspeitos e todos foram descartados.
- Em Caçapava, é obrigado o uso de máscaras para os funcionários da lojas. Monitoramos com atenção as situações de Santa Maria, Bagé, Cachoeira do Sul e, é claro, Porto Alegre. As pessoas têm de ter consciência de que são responsáveis pela própria vida e pela saúde dos familiares - diz Amestoy.
Em Restinga Sêca, cidade que fica a, aproximadamente, 60 quilômetros de Santa Maria, também não há casos suspeitos.
Conforme o prefeito Paulo Ricardo Salerno (MDB), a Secretaria Municipal de Saúde monitora apenas casos de sintomas gripais. Segundo ele, a população da cidade aderiu às medidas propostas pelo poder público, como o uso obrigatório de máscaras em ambientes fechados.
- Precisamos manter o uso das máscaras, atendimento individualizado nas lojas e sanitização dos espaços públicos. Em linhas gerais, temos seguido aquilo que é feito em Santa Maria. Muitos servidores de Restinga Sêca moram em Santa Maria e vive-versa. Elas vão e voltam, diariamente, às duas cidades - comenta o prefeito.
O prefeito de Agudo, Valério Vili Trebien (MDB) acredita que a imprensa tem auxiliado de forma determinante na conscientização das pessoas. Mesmo assim, ele conta que, no primeiro fim de semana com o comércio aberto, a fiscalização encontrou situações em que o decreto municipal não foi cumprido.
Assim como Restinga Sêca e Caçapava do Sul, a cidade não tem casos suspeitos de coronavírus até o momento.
- Tivemos que notificar bares que ficaram abertos até depois das 22h, o que não é permitido. Se tivermos casos confirmados, o município vai retroceder nessa abertura. O que contribui para não termos, ainda, constatado infecções pelo coronavírus é a característica da cidade, que tem 17 mil habitantes, com 9 mil morando na Zona Rural - comenta Trebien.
Para ele, há uma "falsa sensação" de que o vírus ainda não está circulando em Agudo, porque a cidade não consegue fazer a quantidade de testes que a prefeitura gostaria. O Executivo adquiriu 10 mil máscaras de proteção, que serão distribuídas à população:
- Vamos ter que nos acostumar com as máscaras, porque as usaremos por muito tempo. Na zona rural, há um isolamento natural, porque as casas ficam a 500 metros ou até 2 quilômetros de distância uma da outra. E os eventos, como os encontros da terceira idade, também estão proibidos. As pessoas não estão se encontrando mais como antes.
*Colaborou Rafael Favero